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Masculinidade tóxica: a realidade por trás dos números

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Masculinidade tóxica: a realidade por trás dos números

July 24, 2018

Homem não chora, não pode manifestar sentimentos, não deve demonstrar medo, fraqueza, vulnerabilidade ou qualquer comportamento tido como “feminino”, vivendo sob a ameaça oculta de manchar a sua reputação. Essa visão, construída há décadas pela sociedade patriarcal, é atualmente chamada de masculinidade tóxica, um termo que muitas pessoas desconhecem, mas que ganhará cada vez mais força junto com outras pautas relacionadas à igualdade de gênero e diversidade.

As buscas por “masculinidade tóxica” são um fenômeno recente que ainda não traz números expressivos no Brasil. Porém, em alguns países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Reino Unido, o interesse pelo termo cresce ano após ano.

E o que as estatísticas mostram sobre a masculinidade tóxica? Seus efeitos colaterais. Para o sociólogo americano Michael Kimmel, fundador e diretor do Centro de Estudos dos Homens e das Masculinidades da Universidade Stony Brook (NY), esse ideal de masculinidade imposto está diretamente ligado à dificuldade masculina em falar de sentimentos e aos indicadores de suicídio serem muito mais altos entre homens do que entre mulheres.

O documentário “The Mask You Live In”, de 2015, mergulha fundo no assunto e mostra como os padrões vigentes de masculinidade afetam os meninos americanos desde cedo. No filme, o psicólogo e pesquisador americano, William Pollack, defende que “a maneira como os garotos são criados faz com que eles aprendam a esconder sentimentos – como sua vulnerabilidade e empatia naturais – por trás de uma máscara de masculinidade”. Esses efeitos aprisionam os homens, limitando o espaço para que descubram quem são e expressem sua personalidade real.

Mais da metade dos homens já foi chamada de ‘gay’ ou ‘afeminado’ por ter expressado algum sentimento. Num contexto social onde essas designações assumem (mesmo não tendo) um peso pejorativo – justamente por contrariarem os “ideais da masculinidade” – isso gera ainda mais opressão e sentimento de inadequação.

Não dá pra falar da masculinidade tóxica sem falar de como ela acaba afetando também as mulheres. Quer um exemplo histórico? O machismo. Um comportamento contrário à igualdade de gênero que até hoje afeta milhares de mulheres em todo o mundo. Nesse sentido, o feminismo nasce como uma reação ao machismo. Mesmo assim, ainda existem pessoas que acham que o feminismo é um termo gasto e que explicar noções de igualdade é chover no molhado. Outras veem o feminismo como uma “guerra de sexos”, desconhecendo que, na verdade, trata-se de um movimento em prol de condições de igualdade de gênero onde todos saem ganhando, tanto mulheres como homens.

Um dado interessante: metade dos homens brasileiros ainda acredita que o machismo é tão ruim quanto o feminismo3. Isso demonstra que o machismo começa a ser visto como um problema, porém, que o feminismo também é visto assim. Seguindo a definição do sociólogo Michael Kimmel, “o feminismo espera que um homem seja ético, emocionalmente presente e responsável por seus valores em suas ações com as mulheres, assim como com outros homens”. Ou seja, direta ou indiretamente, o feminismo favorece a Nova Masculinidade.

A Nova Masculinidade está nascendo com o propósito de abranger todas as formas de ser homem, aceitando e acolhendo masculinidades possíveis, livres de estereótipos opressores. Esse movimento garante condições mais igualitárias e saudáveis, onde os homens têm espaço para serem mais humanos e se expressarem sem a ameaça de colocar qualquer coisa em risco, seja sua imagem, seja seu bem estar psicológico.

Qual é a chance dela se tornar realidade aqui no Brasil? Bem, se tirarmos uma fotografia hoje do cenário brasileiro, ainda existe um longo caminho pela frente, principalmente em termos de igualdade de gênero.

Contudo, já existem blogs e canais no YouTube onde muitos homens estão discutindo a Nova Masculinidade. A internet virou um espaço seguro para debater e aprender. Dá para entender as possibilidades, perguntar, ouvir e especialmente encontrar novos modelos acolhedores e empáticos que fogem dos padrões opressores nos quais se espelhar, algo que nem sempre é possível na vida real pelo medo dos julgamentos.

É importante perceber que repensar a masculinidade como conhecemos hoje é uma transformação necessária e sem volta, que vai beneficiar essa geração e as futuras gerações de homens. E olhar para o digital como ferramenta para conectar as pessoas e promover este diálogo é uma grande oportunidade para marcas que tenham a ambição de ser mais do que meros espectadores nesse processo.

Existem vários caminhos e a gente selecionou três para você começar a pensar.

Desconstruir leva tempo, mas é preciso começar por algum lugar. Representar o homem sem fazer uso de clichês já é um grande serviço para fugir dos padrões da masculinidade tóxica. A campanha “Confortável é ser quem você é”, da Mash, retrata diversos perfis de homens reais: vulneráveis, inseguros com o próprio corpo, mas extremamente humanos e possíveis, usando o humor para desconstruir o estereótipo do machão.

Mostrar homens falando de suas experiências é essencial para criar novos modelos – já mencionamos isso para mostrar a relevância que os creators de YouTube que falam do assunto estão ganhando. Para as marcas, fica a oportunidade de ouvir esse homens e viabilizar espaços onde essa troca possa acontecer. Em parceria com o blog Papo de Homem, a Natura e a Philips criaram o evento “Homens Possíveis” – para debater de forma aberta o que significa ser homem hoje em dia.

Mulheres na cozinha para vender eletrodomésticos, homens no poder para falar de investimentos. Pode parecer que não, mas este tipo de associação entre categorias e gênero só reproduz o que a gente precisa desconstruir. Homens também compram produtos de limpeza, mulheres também compram carros esportivos. A campanha da Bepantol instalou trocadores de fraldas em banheiros masculinos para incentivar a paternidade ativa e sinalizar o óbvio que muitas vezes fica esquecido: pais também trocam fraldas.

 

Fonte: Think With Google

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