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Apostas e incertezas

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Apostas e incertezas

January 14, 2016

Tem jornalista na área! Hoje recebemos a querida da Celly para contar um pouco mais da sua história para nós. Celly, “a oficina é sua”.

“Oi, tudo bem?

Meu nome é Celly Alves Silva, tenho 25 anos, sou jornalista há dois anos, mas só agora comecei a exercer a minha profissão e é sobre isso que eu quero falar pra vocês: sobre insegurança e coragem.

Sabe porque eu comecei a exercer minha profissão só agora, sendo que apresentei meu TCC em setembro de 2013 e fui aprovada com nota 10? Porque eu tive medo de encarar a profissão assim que me formei. Isso mesmo, tive medo de ficar em Cuiabá, pegando busão em horário de pico e trabalhar em um site de notícias que não me agradasse. Sim, porque desde a faculdade eu já sabia que a labuta seria bem diferente do que a gente aprende na sala de aula. Eu lia os jornais da minha cidade e não me sentia contemplada, ou sentia muito pouco. Existia certo preconceito nisso tudo também, mas muito medo e insegurança.

Eu passei boa parte da minha vida acadêmica participando do Centro Acadêmico de Comunicação Social – o CACOS. Lutei por um curso melhor e sempre fui muito idealista, desde criança. Então, quando chegou a hora de encarar a realidade, eu fugi.

Aliado a problemas pessoais, eu resolvi fugir para um lugar que não tivesse o calor infernal de Cuiabá e onde eu pudesse continuar minha vidinha de universitária. Passei para o curso de Bacharelado Interdisciplinar em Artes e Design na Universidade Federal de Juiz de Fora e, duas semanas depois de ter apresentado meu TCC (um livro-reportagem sobre o movimento estudantil de comunicação da UFMT que está em vias de ser publicado), eu já estava na minha segunda graduação. Sozinha. Em uma cidade distante. E fria. Muito fria.

Eu adorei o meu curso novo. Mas estranhei um pouco porque não foi como a primeira faculdade, não tinha mais a mesma empolgação de quando tinha 17 anos e era a “caloura vip” louca pra tomar trote. A diferença de idade pesou. Dos 17 para os 22 muita coisa muda na nossa cabeça, mas eu continuava insegura. Nunca descobri meu real talento. Dizem que o meu é escrever. E só agora eu percebo que deve ser isso mesmo. Afinal, hoje ganho meu pão de cada dia escrevendo para um site noticioso e (com muita felicidade!) estou aqui falando sobre essa vivência com você!

Mas sabe o que é contraditório nessa história toda? Ao mesmo tempo em que eu corri da realidade que eu tanto temia, acabei me metendo numa aventura onde todos me indagavam “Como você teve coragem?!”. Isso porque quando eu deixei Cuiabá, acabei me aventurando em Juiz de Fora, um lugar onde eu só havia passado pela BR, não conhecia ninguém por lá e o clima era totalmente diferente.

O pior de tudo foi que meus planos por lá acabaram não dando muito certo. Eu imaginava que por estar próximo do Rio e de São Paulo, seria uma cidade mais desenvolvida, apesar de ter o mesmo porte que Cuiabá. Mas foi o contrário. A cidade é péssima para conseguir emprego e tem ares mais provincianos do que a nossa Cuiabrasa.

Passei dificuldades financeiras e tive que arrumar empregos bem abaixo da minha qualificação. Não consegui terminar minha graduação em Artes, mas eu amei a cidade, amei o curso, amei as pessoas que conheci no curso e na cidade como um todo. Amei principalmente o clima frio e a vista montanhosa do lugar. Amei mais ainda poder ir pro Rio de Janeiro e pro Nordeste pagando barato no valor das passagens.

Depois de dois anos ouvindo minha mãe me cutucar dizendo que eu deveria ter ficado em Cuiabá, passado num concurso, entrado no mestrado direto, eu só passei a concordar com ela quando me vi trabalhando um uma franquia de açaí porque não consegui emprego em nenhuma das dezenas de portas de jornais, sites, agências em que bati. E resolvi voltar para casa. É bom deixar claro que não tenho vergonha dos trabalhos que exerci. Até porque na minha infância e adolescência eu trabalhei como feirante e vendedora ambulante e fortaleceram muito o meu caráter. Mas eu estudei para ser jornalista e estava estudando para ser uma curadora, crítica, diretora de revista cultural.

De um dia para o outro, pedi demissão, juntei meus últimos trocados, comprei a passagem de volta pra casa. Peguei um ônibus, depois de um dia e meio, estava eu aqui de novo, em Cuiabá. Um lugar de onde eu sempre saio, mas também sempre acabo voltando. Já é a terceira vez que isso acontece. Em menos de duas semanas mandando currículos, já estava empregada. Enfim, meu primeiro emprego na profissão! Sou jornalista de verdade! Viva!!!

Você não vai fazer ideia do quanto me preencheu o meu primeiro dia de trabalho. Na verdade, o primeiro dia foi de teste. De manhã foi bem tranquilo, nenhuma pauta empolgante. Mas pela tarde… Um desmoronamento no garimpo de Pontes e Lacerda deixa toda a redação alvoroçada. Eu fiquei como pivô, encontrando os telefones, buscando informações e repassando para os colegas escreverem. Foi suficiente para ver que aquilo era realmente o que eu queria para minha vida.

Nem eu mesma fazia ideia do quanto eu amava minha profissão. E a maior culpada disso tudo sou eu e minha insegurança, eu e meu preconceito. Se eu não tivesse fechado as portas para mim mesma, talvez hoje já estaria em alguma posição melhor, já teria feito um nome no meio dos colegas. Mas não me deixo abater pelo passado. O tempo na faculdade de Artes também foi uma porta aberta, foi muito importante para mim e pretendo um dia trabalhar mais no campo da Cultura.

O que eu quero te dizer com tudo isso, caro amigo que está aí do outro lado, é que não devemos ser tão duros com a gente mesmo. É muito louco tudo o que se passa na minha cabeça quando penso nesses últimos dois anos e alguns meses. Eu demorei querer virar “gente grande”, mas agora estou adorando. E aquela dura realidade imaginada por mim no fim da faculdade de Comunicação eu acabei vivendo no meu sonhado “Eldorado”. Engraçado como a vida não deixa barato.

Mas valeu a pena. Hoje sou uma mulher adulta. Morei sozinha em uma cidade distante, paguei minhas contas com o dinheiro do meu suor, consertei o chuveiro sozinha, passei perrengues financeiros e não pude contar com mais ninguém além de mim. O pouco que meu pai podia me ajudar era muito pouco, mas tenho que reconhecer que o apoio emocional que ele sempre me deu é e sempre será impagável.

Uma alegria muito grande que estou tendo agora é poder levar minha sobrinha para passear e gastar dinheiro com ela. Também pretendo ajudar meus pais e construir o meu futuro. Retribuir todo o suporte que minha irmã mais velha me deu durante os primeiros anos da faculdade e no retorno a Cuiabá. Estou, aos poucos, conquistando tudo o que quero. Tudo graças ao Jornalismo. E olha que estou só no começo!

Agora que já abri meu coração e expurguei os pensamentos que tanto me perturbavam e que eu pretendia deixar presos dentro de mim, só me resta dizer que sou grata às experiências que a vida me deu, grata aos meus professores de faculdade que souberam me ensinar direitinho e dizer que pretendo não esquecer jamais os princípios da profissão.

Ao leitor, te dizer obrigada por querer conhecer um pouco da minha história e te desejar que seja muito feliz, com as escolhas que você fizer. Seja bom ou ruim, sempre haverá o que aproveitar. Um abraço!”

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